O grito necessário por Adriana Janaína Poeta

    

     
     Eu sou grata por ser escritora. Sou grata pelo trabalho que faço, escrevendo, editando e divulgando Literatura  e Poesia, Autores e Arte, sendo também um canal por onde flui uma singela, mas forte resistência contra a Corrupção e a Impunidade, que atinge o meu País  e o povo brasileiro. Porque, desde menina, me descobri  cidadã. Não sei, e não quero ser de outra maneira.
     Todas as grandes nações, menores até demograficamente, têm como esteio essa viva flâmula, que faz toda a diferença, cravado no peito e alma de seus habitantes.
     Sem reconhecer-se cidadão, e exercer a sua cidadania, nada há que se interponha entre os déspotas, os corruptos, os vendilhões do templo sagrado, e o povo.
     Porque tudo o que deseja quem vende e devora o dinheiro público e as vidas alheias, é o silêncio, a aceitação, o comodismo, a covardia, o conformismo diante dos crimes, violências, injustiças e impunidades, os filhos da Corrupção. Esta bola de neve, Senhores e Senhoras, não diminui, pelo contrário, avoluma-se, rolando sempre voraz na direção de mais vítimas inocentes.
     Quem se apodera do alheio, do público, quem procrastina e vende sentenças, quem faz vistas grossas e ouvidos de mercadores ao tomar ciência de crimes e Facções/ Quadrilhas organizadas, instaladas com raízes em Instituições Públicas, a exemplo de Ali Babá e seus parceiros na ilicitude, precisa sempre de um tambor e uma corneta, tocados em alto e bom som, sem cessar, para, além de deixar bem claro que não vai desistir e calar, acordar a vizinhança adormecida.
     Porque quem mete a mão no público e alheio, é responsável pelo fechamento e precariedade de Universidades, Escolas, Hospitais, postos de Trabalhos, pelo atraso no pagamento de salários, pela péssima condição de trabalho para profissionais essenciais à ordem pública.
     A Imprensa, oprimida, calada. Pinga um relâmpago aqui e acolá, em meio as notícias fúteis e ao cotidiano das celebridades. O povo brasileiro, a grande maioria, desfavorecido, “desassistido”, no meio de tudo, abandonado a própria sorte. Pais, Mães, Avós e Filhos, Netos, carregando nos seus ombros as Gordas Instituições Monárquicas, que recebem a peso de ouro, enquanto alguns atiram migalhas de pão amanhecido para os cansados e famintos. E famintos não apenas por alimento, e cansados, não apenas pelo árduo trabalho para suprir o sustento próprio e da família, mas famintos por Justiça, e cansados de Injustiças.
Então, temos multiplicados os Órgãos para controle, Supervisão e Ouvidorias, que inicialmente foram criados para defender e manter, zelar e fiscalizar os agentes públicos, nossos funcionários também, já que pagamos os altos salários com os vultosos impostos. E temos ainda que ser vítimas de morosidades, quando não de conchavos silenciosos, apadrinhamentos, corporativismos. Mas, os custos, os benefícios e regalias, apenas aumentam.
     Assim como acontecia em Roma, também temos no Brasil o Pão, ainda que esfarelado e pisado, e o Circo. Por isso, tome Copa do Mundo e Olimpíadas, e vem o Natal, o ano-Novo e o Carnaval...
     A Cortina de Fumaça, o escambo duvidoso, o que mantém o povo adormecido, alheio, cego, enganado. Mas, se alguém, acordado, levanta e percebe, grita: Acorda, Brasil! Acorda...
     Porque ninguém desperta um dia e grita, simplesmente porque quer, mas porque é preciso. Porque calar diante de crimes e injustiças bárbaras, é ser cúmplice.
     Se uma criança pede socorro e abrigo, se comunica crimes, tem que ser ouvida. Tem que ser protegida. Não é o que está na Constituição? Não fizeram Carnaval quando criaram o ECA?
     Não queremos que gastem dinheiro público com prêmios em nome das vítimas, mortas muitas vezes por conta de injustiças e silêncios. Porque muito mais importante que homenagens póstumas, é que, ao pleitear direitos civis e universais, estabelecidos nas Cartas Magnas de cada Nação, as vítimas sejam ouvidas e assistidas de fato, enquanto vivas. Porque a Justiça, a Lei, não existe apenas para servir os escolhidos, mas a todos os cidadãos brasileiros. Uma criança, menor de idade, vulnerável e incapaz de se proteger sozinha, não é meio cidadão, nem fantasma ou ficção. É um ser humano, de carne e osso, sentimentos. Tem direito. Tem valor.
     Todos têm direitos, homens, mulheres, crianças. Todos estão sujeitos a Lei. Todos desfrutam, ou deveriam, da sua proteção, quando imbuídos de razão. A Justiça não é uma torta para repartir entre amigos, mas uma mesa servida em benefício da Pátria, para os cidadãos. Quando crimes são apontados com nomes e provas, os Órgãos que têm ciência, têm que agir. Não, não é um favor, é parte do trabalho, e também questão de honra, de justiça. E a Justiça não se mantém com injustiças.
     Nenhuma Casa se sustenta sem colunas fortes. O Brasil precisa de Instituições dignas, não aparentemente dignas, mas profundamente e de fato.
     O Brasil precisa de homens e mulheres investidos de autoridade e probos, que sejam capazes de identificar e punir, legalmente e com agilidade, quem comete crimes contra a sociedade e contra o cidadão. 
     Quem se associa a Quadrilhas, quem sangra os cofres públicos e o se apropria do alheio, quem usa de cargos públicos para atrasar ou vender sentenças, tem que ser identificado e punido com celeridade, para que sirva de lição aos demais que pensarem em seguir pelo mesmo caminho.
     Tem que servir de exemplo. É o mínimo que podemos esperar e o que temos que cobrar. Batendo palmas, em cima de caixotes, para que todos vejam e ouçam.
     Grandes foram os que, no passado, não se curvaram a opressão no seu tempo, essa sombra que tenta oprimir e perverter a cada século. A escravidão, a segregação, a Tirania, o Holocausto...
     Porque não sendo fácil, é necessário que alguém, sendo simples e comum, se torne maior e grite.
(O grito necessário por Adriana Janaína Poeta)
Apoio total e absoluto a Marcelo Bernardo de Oliveira/ Eu & meu Pai
12/09/2017
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